sábado, 31 de agosto de 2013
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
sábado, 24 de agosto de 2013
É permitido repreender os outros?
19 – Ninguém sendo perfeito, não se segue que ninguém tem o direito de repreender o próximo?
Certamente que não, pois cada um de vós deve trabalhar para o progresso de todos, e sobretudo dos que estão sob a vossa tutela. Mas isso é também uma razão para o fazerdes com moderação, com uma intenção útil, e não como geralmente se faz, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a censura é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda cumprir com todas as cautelas possíveis; e ainda assim, a censura que se faz a outro deve ser endereçada também a nós mesmos, para vermos se não a merecemos.
20 – Será repreensível observar as imperfeições dos outros, quando disso não possa resultar nenhum benefício para eles, e mesmo que não as divulguemos?
Tudo depende da intenção. Certamente que não é proibido ver o mal, quando o mal existe. Seria mesmo inconveniente ver-se por toda a parte somente o bem: essa ilusão prejudicaria o progresso. O erro está em fazer essa observação em prejuízo do próximo, desacreditando-o sem necessidade na opinião pública. Seria ainda repreensível fazê-la com um sentimento de malevolência, e de satisfação por encontrar os outros em falta. Mas dá-se inteiramente o contrário, quanto, lançando um véu sobre o mal, para ocultá-lo do público, limitamo-nos a observá-lo para proveito pessoal, ou seja, para estudá-lo e evitar aquilo que censuramos nos outros. Essa observação, aliás, não é útil ao moralista? Como descreveria ele as extravagâncias humanas, se não estudasse os seus exemplos?
21 – Há casos em que seja útil descobrir o mal alheio?
Esta questão é muito delicada, e precisamos recorrer à caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só prejudicam a ela mesma, não há jamais utilidade em divulgá-las. Mas se elas podem prejudicar a outros, é necessário preferir o interesse do maior número ao de um só. Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor que um homem caia, do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas. Em semelhante caso, é necessário balancear as vantagens e os inconvenientes
Doença da alma
"Todo o crime é uma enfermidade. A ação dos tribunais sobre os criminosos, posto que nem sempre cesse de fato, cessa efetivamente de direito no momento em que termina a cura."
Eça de Queiroz
Eça de Queiroz
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Propósito
Com o propósito de promover o estudo e a divulgação da Doutrina Espírita, fundada nas obras de Allan Kardec, mediante a análise e discussão de questões sócio-jurídicas, no movimento espírita e nas instituições sociais em nosso Estado do Piauí, surge a AJE-PI - Associação Jurídico Espírita do Piauí.
O principal objetivo da entidade é contribuir para o aprimoramento moral e espiritual dos operadores do direito espíritas e demais interessados, auxiliando-os no progresso individual. Integrando juízes, promotores de justiça, advogados, delegados de polícia, bacharéis em direito, de um modo geral, servidores, estudantes e demais interessados a AJE Piauí pretende, com a união de ideais voltados para o bem, colaborar para a melhoria da sociedade, incentivando a paz e a reforma íntima de cada indivíduo de nossa sociedade.
Não se almeja contrariar a lei humana, mas despertar no homem sua real importância e responsabilidade no trato das relações derivadas da justiça. Humanizar para progredir, crescer espiritualmente para auxiliar o próximo. Seja também um integrante deste movimento. Venha ajudar a construir essa associação.
O principal objetivo da entidade é contribuir para o aprimoramento moral e espiritual dos operadores do direito espíritas e demais interessados, auxiliando-os no progresso individual. Integrando juízes, promotores de justiça, advogados, delegados de polícia, bacharéis em direito, de um modo geral, servidores, estudantes e demais interessados a AJE Piauí pretende, com a união de ideais voltados para o bem, colaborar para a melhoria da sociedade, incentivando a paz e a reforma íntima de cada indivíduo de nossa sociedade.
Não se almeja contrariar a lei humana, mas despertar no homem sua real importância e responsabilidade no trato das relações derivadas da justiça. Humanizar para progredir, crescer espiritualmente para auxiliar o próximo. Seja também um integrante deste movimento. Venha ajudar a construir essa associação.
O Espiritismo
“ O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, e suas relações com o mundo corporal; ele no-lo mostra, não mais como uma coisa sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente ativas da Natureza...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I, item 5)
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Uma visão sobre a Vida Maior renasce no século XIX na França: verdadeiro ato heróico fez o notável professor Allan Kardec, trazendo toda uma idéia sobre a espiritualidade para o Velho Mundo, até então adormecido pelas doutrinas materialistas e lucrativas vigentes na época.
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O Estado e as classes sociais dominadoras transformavam os interesses de alguns em necessidades de todos. Para assegurar privilégios e poder, usavam dos instrumentos possíveis, desde as religiões, meios de comunicação e até a escola, como difusão de crenças e valores que lhes garantissem a ordem social e seus ideais como verdades de todos.
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A religião como instituição sagrada se convertia em instrumento e, ao mesmo tempo, vítima do processo.
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Os sacerdotes eram os donos das almas há séculos, e os destinos das criaturas estavam circunscritos às decisões eclesiásticas que detinham o cetro divino da absolvição ou da condenação.
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Acreditavam-se que as consciências não tinham estrutura de fato para suas avaliações sobre o certo e errado, por isso eram manipuladas por crenças autoritárias e arbitrárias, ditadas por homens intransigentes e fanáticos.
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A missão imposta às escolas e às universidades era contribuir para a realização de ideologias criadas por esses grupos detentores da decisão, formando consciências submissas e servis, tementes a Deus, ao Rei e ao Estado, impondo-se com argumentos que não eram de ordem divina e nem natural, e sim, necessidades camufladas pelos herdeiros previlegiados e arrogantes de uma sociedade absolutista.
✱
O eminente educador Rivail, homem de uma religiosidade missionária, traz à França, em meio ao positivismo de Augusto Comte, a idéia imortalista do Espiritismo.
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Apesar do conceito da reencarnação ter sido banido do movimento religioso pelos Concílios Ecumênicos da antigüidade, Kardec o apresenta ao mundo sob a supervisão dos espíritos superiores, estabelecendo assim novos rumos à sociedade, presa a conceitos de superioridade de nascimento e graças especiais entre os escolhidos.
✱
Os preconceitos de classe social, cor e sexo caem por terra, já que pela roda das encarnações sucessivas poderemos habitar os mais diferentes corpos e pertencer às diversas castas da sociedade; a família patriarcal e possessiva já não tem razão de ser e a servidão da mulher toma conotação de crença despótica e machista.
✱
Faz-se então uma verdadeira revolução nos costumes medievais que ainda vigoravam na época, encontrando por parte de alguns, consideração pela lógica e discernimento da vida como um todo, e por parte de outros tantos, oposição sistemática pelo grau de imaturidade psicológica e por mexer em valores íntimos de convencionalismo e superstição, arraigados em suas consciências através dos tempos.
✱
O Espiritismo fez novamente renascer nas almas a compreensão da verdadeira natureza do homem e perceber que sua destinação é fruto de suas escolhas.
✱
Imortalidade das almas e vidas sucessivas são algumas das bases sólidas que abalaram os alicerces de toda uma coletividade estruturada numa visão distorcida da realidade universal.
✱
A nova ideologia estabelece por crença indispensável a fraternidade, como concepção de vida real, a ser incorporada pelos indivíduos e grupos à medida que suas necessidades espirituais forem tomando aspectos de ascensão e conhecimento.
✱
A Doutrina Espírita é um método real de educação. A sobrevivência após a morte, a preexistência e a evolução das almas, ainda são quase que totalmente desconhecidas pelos povos com ares de hegemonia.
✱
Porém, ao tempo certo tomarão consciência, conforme afirma o Apóstolo Paulo, escrevendo às igrejas da Galácia:... “porque a seu tempo tudo ceifaremos”.
✱
Do Livro: RENOVANDO ATITUDES
Psicografado Por: FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
Pelo Espírito: HAMMED
Editora: BOA NOVA
Site: www.boanova.net
Formatado por:
humberto@hpqualtech.com.br 03/06/2010
✱
Colaboração:
Regina Bachega
São Paulo-SP
✱
Publicado em: SinapsesLinks
http://sinapseslinks.blogspot.com/
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I, item 5)
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Uma visão sobre a Vida Maior renasce no século XIX na França: verdadeiro ato heróico fez o notável professor Allan Kardec, trazendo toda uma idéia sobre a espiritualidade para o Velho Mundo, até então adormecido pelas doutrinas materialistas e lucrativas vigentes na época.
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O Estado e as classes sociais dominadoras transformavam os interesses de alguns em necessidades de todos. Para assegurar privilégios e poder, usavam dos instrumentos possíveis, desde as religiões, meios de comunicação e até a escola, como difusão de crenças e valores que lhes garantissem a ordem social e seus ideais como verdades de todos.
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A religião como instituição sagrada se convertia em instrumento e, ao mesmo tempo, vítima do processo.
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Os sacerdotes eram os donos das almas há séculos, e os destinos das criaturas estavam circunscritos às decisões eclesiásticas que detinham o cetro divino da absolvição ou da condenação.
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Acreditavam-se que as consciências não tinham estrutura de fato para suas avaliações sobre o certo e errado, por isso eram manipuladas por crenças autoritárias e arbitrárias, ditadas por homens intransigentes e fanáticos.
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A missão imposta às escolas e às universidades era contribuir para a realização de ideologias criadas por esses grupos detentores da decisão, formando consciências submissas e servis, tementes a Deus, ao Rei e ao Estado, impondo-se com argumentos que não eram de ordem divina e nem natural, e sim, necessidades camufladas pelos herdeiros previlegiados e arrogantes de uma sociedade absolutista.
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O eminente educador Rivail, homem de uma religiosidade missionária, traz à França, em meio ao positivismo de Augusto Comte, a idéia imortalista do Espiritismo.
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Apesar do conceito da reencarnação ter sido banido do movimento religioso pelos Concílios Ecumênicos da antigüidade, Kardec o apresenta ao mundo sob a supervisão dos espíritos superiores, estabelecendo assim novos rumos à sociedade, presa a conceitos de superioridade de nascimento e graças especiais entre os escolhidos.
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Os preconceitos de classe social, cor e sexo caem por terra, já que pela roda das encarnações sucessivas poderemos habitar os mais diferentes corpos e pertencer às diversas castas da sociedade; a família patriarcal e possessiva já não tem razão de ser e a servidão da mulher toma conotação de crença despótica e machista.
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Faz-se então uma verdadeira revolução nos costumes medievais que ainda vigoravam na época, encontrando por parte de alguns, consideração pela lógica e discernimento da vida como um todo, e por parte de outros tantos, oposição sistemática pelo grau de imaturidade psicológica e por mexer em valores íntimos de convencionalismo e superstição, arraigados em suas consciências através dos tempos.
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O Espiritismo fez novamente renascer nas almas a compreensão da verdadeira natureza do homem e perceber que sua destinação é fruto de suas escolhas.
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Imortalidade das almas e vidas sucessivas são algumas das bases sólidas que abalaram os alicerces de toda uma coletividade estruturada numa visão distorcida da realidade universal.
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A nova ideologia estabelece por crença indispensável a fraternidade, como concepção de vida real, a ser incorporada pelos indivíduos e grupos à medida que suas necessidades espirituais forem tomando aspectos de ascensão e conhecimento.
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A Doutrina Espírita é um método real de educação. A sobrevivência após a morte, a preexistência e a evolução das almas, ainda são quase que totalmente desconhecidas pelos povos com ares de hegemonia.
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Porém, ao tempo certo tomarão consciência, conforme afirma o Apóstolo Paulo, escrevendo às igrejas da Galácia:... “porque a seu tempo tudo ceifaremos”.
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Do Livro: RENOVANDO ATITUDES
Psicografado Por: FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
Pelo Espírito: HAMMED
Editora: BOA NOVA
Site: www.boanova.net
Formatado por:
humberto@hpqualtech.com.br 03/06/2010
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Colaboração:
Regina Bachega
São Paulo-SP
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Publicado em: SinapsesLinks
http://sinapseslinks.blogspot.com/
Justiça na Espiritualidade
Como atua o mecanismo da Justiça no Plano Espiritual?]
ANDRÉ LUIZ: No mundo espiritual, decerto, a autoridade da justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o mecanismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivíduo.Ainda assim, existem aqui, como é natural, santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando-lhes os méritos e deméritos.A organização do júri, em numerosos casos, é aqui observada, necessariamente, porém, constituída de Espíritos integrados no conhecimentos do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências sociais, a fim de que as sentenças ou as informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, consubstanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta.Há delinqüentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemente desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas vezes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis.É importante anotar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis e, quanto mais avançados os valores culturais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame dos processos de criminalidade em que se emaranham, não só pela influência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que reconhece indispensável à própria restauração.
André Luiz
ANDRÉ LUIZ: No mundo espiritual, decerto, a autoridade da justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o mecanismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivíduo.Ainda assim, existem aqui, como é natural, santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando-lhes os méritos e deméritos.A organização do júri, em numerosos casos, é aqui observada, necessariamente, porém, constituída de Espíritos integrados no conhecimentos do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências sociais, a fim de que as sentenças ou as informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, consubstanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta.Há delinqüentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemente desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas vezes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis.É importante anotar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis e, quanto mais avançados os valores culturais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame dos processos de criminalidade em que se emaranham, não só pela influência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que reconhece indispensável à própria restauração.
André Luiz
Justiça Humana e Justiça Divina
O capítulo II da Constituição Brasileira, que trata “dos direitos e das garantias individuais”, em seu art. 141, § 30 e 31, consagra dois princípios altamente humanitários, que vale a pena analisar e comparar com dois dogmas fundamentais das igrejas ditas cristãs.
Reza o citado § 30: “Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente.”
Isto quer dizer que no Brasil, como de resto em todos os países civilizados do mundo, qualquer pena (punição que o Estado impõe ao delinquente ou contraventor, por motivo de crime ou contravenção que tenha cometido, com a finalidade de exemplá-lo e evitar a prática de novas infrações) só poderá recair sobre o culpado, não podendo, em hipótese alguma, alcançar outra(s) pessoa(s).
Exemplifiquemos: se um indivíduo cometer um crime, pelo qual seja sentenciado a uns tantos anos de prisão celular, mas venha a escapulir, sem que as autoridades policiais consigam apanhá-lo, ou faleça antes de haver cumprido toda a pena, não pode o Estado trancafiar um seu parente (filho, neto, etc.) para que cumpra ou resgate o final do castigo imposto a ele, criminoso.
Aliás, se o fizesse, passaria a si mesmo um atestado de despotismo e provocaria os mais veementes protestos, pois repugna às consciências esclarecidas admitir que “o inocente pague pelo pecador”.
Essa noção de intransferibilidade de méritos e deméritos, já a tinham os profetas do Velho Testamento. O cap. 18 de Ezequiel, v. g., versa exclusivamente esse ponto. Ali se diz que se um homem for bom e obrar conforme a equidade e a justiça, mas venha a ter algum filho ladrão, que derrame sangue ou cometa outras faltas abomináveis, este terá que arcar com as consequências de seus delitos, de nada lhe valendo as boas qualidades paternas.
Da mesma sorte, se um homem não guardar os preceitos divinos, se for um grande pecador, mas o filho “não fizer coisas semelhantes às que ele obrou”, não responderá pelos desacertos do pai. E conclui (v. 20):
“A alma que pecar, essa morrerá: o filho não carregará com a iniquidade do pai, e o pai não carregará com a iniquidade do filho; a justiça do justo será sobre ele, e a impiedade do ímpio será sobre ele.”
Claríssimo, pois não?
No entanto, tomando por base uma alegoria do Gênesis (cap. 3), cuja interpretação foge ao objetivo deste trabalho, — a Teologia engendrou e vem sustentando, através dos séculos, o dogma do “pecado original”, segundo o qual todos os homens, gerações pós gerações, inclusive aqueles que virão a nascer daqui a séculos ou milênios, são atingidos inexoravelmente por uma falta que não é sua!
Ora, mesmo que a referida alegoria bíblica (tentação de Eva e queda do homem) fosse um fato histórico, real, que culpa teríamos nós outros, da desobediência praticada por “nossos primeiros pais” num passado cuja ancianidade remonta à noite dos tempos?
Se a responsabilidade pessoal é princípio aceito universalmente; se nenhum Código Penal do mundo admite que se puna alguém por um crime praticado por seus ancestrais; como poderia Deus castigar-nos por algo de que não fomos participantes, ou melhor, que teria ocorrido quando nem sequer existíamos?
Não é possível!
Se Deus nos criasse, mesmo, com esse estigma, expondo-nos, consequentemente, às muitas misérias da alma e do corpo, por causa do erro de outrem, então a Justiça Divina seria menos perfeita que a justiça humana, posto que esta, como vimos, não permite tal aberração.
Como é óbvio, o Criador hão pode deixar de ser soberanamente justo e bom, pois sem esses atributos não seria Deus. E como o dogma do “pecado original” não se coaduna com a Bondade e a Justiça Divinas, não há como fugir à conclusão, de que é falso e insustentável, sendo cada um responsável apenas pelos seus próprios atos, e não pelos deslizes de seus avoengos, ainda que eles se chamem Adão e Eva...
Autor: Rodolfo Calligares
Reza o citado § 30: “Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente.”
Isto quer dizer que no Brasil, como de resto em todos os países civilizados do mundo, qualquer pena (punição que o Estado impõe ao delinquente ou contraventor, por motivo de crime ou contravenção que tenha cometido, com a finalidade de exemplá-lo e evitar a prática de novas infrações) só poderá recair sobre o culpado, não podendo, em hipótese alguma, alcançar outra(s) pessoa(s).
Exemplifiquemos: se um indivíduo cometer um crime, pelo qual seja sentenciado a uns tantos anos de prisão celular, mas venha a escapulir, sem que as autoridades policiais consigam apanhá-lo, ou faleça antes de haver cumprido toda a pena, não pode o Estado trancafiar um seu parente (filho, neto, etc.) para que cumpra ou resgate o final do castigo imposto a ele, criminoso.
Aliás, se o fizesse, passaria a si mesmo um atestado de despotismo e provocaria os mais veementes protestos, pois repugna às consciências esclarecidas admitir que “o inocente pague pelo pecador”.
Essa noção de intransferibilidade de méritos e deméritos, já a tinham os profetas do Velho Testamento. O cap. 18 de Ezequiel, v. g., versa exclusivamente esse ponto. Ali se diz que se um homem for bom e obrar conforme a equidade e a justiça, mas venha a ter algum filho ladrão, que derrame sangue ou cometa outras faltas abomináveis, este terá que arcar com as consequências de seus delitos, de nada lhe valendo as boas qualidades paternas.
Da mesma sorte, se um homem não guardar os preceitos divinos, se for um grande pecador, mas o filho “não fizer coisas semelhantes às que ele obrou”, não responderá pelos desacertos do pai. E conclui (v. 20):
“A alma que pecar, essa morrerá: o filho não carregará com a iniquidade do pai, e o pai não carregará com a iniquidade do filho; a justiça do justo será sobre ele, e a impiedade do ímpio será sobre ele.”
Claríssimo, pois não?
No entanto, tomando por base uma alegoria do Gênesis (cap. 3), cuja interpretação foge ao objetivo deste trabalho, — a Teologia engendrou e vem sustentando, através dos séculos, o dogma do “pecado original”, segundo o qual todos os homens, gerações pós gerações, inclusive aqueles que virão a nascer daqui a séculos ou milênios, são atingidos inexoravelmente por uma falta que não é sua!
Ora, mesmo que a referida alegoria bíblica (tentação de Eva e queda do homem) fosse um fato histórico, real, que culpa teríamos nós outros, da desobediência praticada por “nossos primeiros pais” num passado cuja ancianidade remonta à noite dos tempos?
Se a responsabilidade pessoal é princípio aceito universalmente; se nenhum Código Penal do mundo admite que se puna alguém por um crime praticado por seus ancestrais; como poderia Deus castigar-nos por algo de que não fomos participantes, ou melhor, que teria ocorrido quando nem sequer existíamos?
Não é possível!
Se Deus nos criasse, mesmo, com esse estigma, expondo-nos, consequentemente, às muitas misérias da alma e do corpo, por causa do erro de outrem, então a Justiça Divina seria menos perfeita que a justiça humana, posto que esta, como vimos, não permite tal aberração.
Como é óbvio, o Criador hão pode deixar de ser soberanamente justo e bom, pois sem esses atributos não seria Deus. E como o dogma do “pecado original” não se coaduna com a Bondade e a Justiça Divinas, não há como fugir à conclusão, de que é falso e insustentável, sendo cada um responsável apenas pelos seus próprios atos, e não pelos deslizes de seus avoengos, ainda que eles se chamem Adão e Eva...
Autor: Rodolfo Calligares
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