sábado, 24 de agosto de 2013

VII Jornada da Associação Médico-espírita do Piauí


É permitido repreender os outros?

19 – Ninguém sendo perfeito, não se segue que ninguém tem o direito de repreender o próximo?                              
Certamente que não, pois cada um de vós deve trabalhar para o progresso de todos, e sobretudo dos que estão sob a vossa tutela. Mas isso é também uma razão para o fazerdes com moderação, com uma intenção útil, e não como geralmente se faz, pelo prazer de denegrir. Neste último caso, a censura é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda cumprir com todas as cautelas possíveis; e ainda assim, a censura que se faz a outro deve ser endereçada também a nós mesmos, para vermos se não a merecemos.
20 – Será repreensível observar as imperfeições dos outros, quando disso não possa resultar nenhum benefício para eles, e mesmo que não as divulguemos?
        Tudo depende da intenção. Certamente que não é proibido ver o mal, quando o mal existe. Seria mesmo inconveniente ver-se por toda a parte somente o bem: essa ilusão prejudicaria o progresso. O erro está em fazer essa observação em prejuízo do próximo, desacreditando-o sem necessidade na opinião pública. Seria ainda repreensível fazê-la com um sentimento de malevolência, e de satisfação por encontrar os outros em falta. Mas dá-se inteiramente o contrário, quanto, lançando um véu sobre o mal, para ocultá-lo do público, limitamo-nos a observá-lo para proveito pessoal, ou seja, para estudá-lo e evitar aquilo que censuramos nos outros. Essa observação, aliás, não é útil ao moralista? Como descreveria ele as extravagâncias humanas, se não estudasse os seus exemplos?

21 – Há casos em que seja útil descobrir o mal alheio?
        Esta questão é muito delicada, e precisamos recorrer à caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só prejudicam a ela mesma, não há jamais utilidade em divulgá-las. Mas se elas podem prejudicar a outros, é necessário preferir o interesse do maior número ao de um só. Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor que um homem caia, do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas. Em semelhante caso, é necessário balancear as vantagens e os inconvenientes

Doença da alma

"Todo o crime é uma enfermidade. A ação dos tribunais sobre os criminosos, posto que nem sempre cesse de fato, cessa efetivamente de direito no momento em que termina a cura."
Eça de Queiroz

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Propósito

Com o propósito de promover o estudo e a divulgação da Doutrina Espírita, fundada nas obras de Allan Kardec, mediante a análise e discussão de questões sócio-jurídicas, no movimento espírita e nas instituições sociais em nosso Estado do Piauí, surge a AJE-PI - Associação Jurídico Espírita do Piauí.

O principal objetivo da entidade é contribuir para o aprimoramento moral e espiritual dos operadores do direito espíritas e demais interessados, auxiliando-os no progresso individual. Integrando juízes, promotores de justiça, advogados, delegados de polícia, bacharéis em direito, de um modo geral, servidores, estudantes e demais interessados a AJE Piauí pretende, com a união de ideais voltados para o bem, colaborar para a melhoria da sociedade, incentivando a paz e a reforma íntima de cada indivíduo de nossa sociedade.

Não se almeja contrariar a lei humana, mas despertar no homem sua real importância e responsabilidade no trato das relações derivadas da justiça. Humanizar para progredir, crescer espiritualmente para auxiliar o próximo. Seja também um integrante deste movimento. Venha ajudar a construir essa associação.

O Espiritismo

“ O Espiritismo é a nova ciência que vem revelar aos homens, por provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual, e suas relações com o mundo corporal; ele no-lo mostra, não mais como uma coisa sobrenatural, mas, ao contrário, como uma das forças vivas e incessantemente ativas da Natureza...”
(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. I, item 5)

Uma visão sobre a Vida Maior renasce no século XIX na França: verdadeiro ato heróico fez o notável professor Allan Kardec, trazendo toda uma idéia sobre a espiritualidade para o Velho Mundo, até então adormecido pelas doutrinas materialistas e lucrativas vigentes na época.

O Estado e as classes sociais dominadoras transformavam os interesses de alguns em necessidades de todos. Para assegurar privilégios e poder, usavam dos instrumentos possíveis, desde as religiões, meios de comunicação e até a escola, como difusão de crenças e valores que lhes garantissem a ordem social e seus ideais como verdades de todos.

A religião como instituição sagrada se convertia em instrumento e, ao mesmo tempo, vítima do processo.

Os sacerdotes eram os donos das almas há séculos, e os destinos das criaturas estavam circunscritos às decisões eclesiásticas que detinham o cetro divino da absolvição ou da condenação.

Acreditavam-se que as consciências não tinham estrutura de fato para suas avaliações sobre o certo e errado, por isso eram manipuladas por crenças autoritárias e arbitrárias, ditadas por homens intransigentes e fanáticos.

A missão imposta às escolas e às universidades era contribuir para a realização de ideologias criadas por esses grupos detentores da decisão, formando consciências submissas e servis, tementes a Deus, ao Rei e ao Estado, impondo-se com argumentos que não eram de ordem divina e nem natural, e sim, necessidades camufladas pelos herdeiros previlegiados e arrogantes de uma sociedade absolutista.

O eminente educador Rivail, homem de uma religiosidade missionária, traz à França, em meio ao positivismo de Augusto Comte, a idéia imortalista do Espiritismo.

Apesar do conceito da reencarnação ter sido banido do movimento religioso pelos Concílios Ecumênicos da antigüidade, Kardec o apresenta ao mundo sob a supervisão dos espíritos superiores, estabelecendo assim novos rumos à sociedade, presa a conceitos de superioridade de nascimento e graças especiais entre os escolhidos.

Os preconceitos de classe social, cor e sexo caem por terra, já que pela roda das encarnações sucessivas poderemos habitar os mais diferentes corpos e pertencer às diversas castas da sociedade; a família patriarcal e possessiva já não tem razão de ser e a servidão da mulher toma conotação de crença despótica e machista.

Faz-se então uma verdadeira revolução nos costumes medievais que ainda vigoravam na época, encontrando por parte de alguns, consideração pela lógica e discernimento da vida como um todo, e por parte de outros tantos, oposição sistemática pelo grau de imaturidade psicológica e por mexer em valores íntimos de convencionalismo e superstição, arraigados em suas consciências através dos tempos.

O Espiritismo fez novamente renascer nas almas a compreensão da verdadeira natureza do homem e perceber que sua destinação é fruto de suas escolhas.

Imortalidade das almas e vidas sucessivas são algumas das bases sólidas que abalaram os alicerces de toda uma coletividade estruturada numa visão distorcida da realidade universal.

A nova ideologia estabelece por crença indispensável a fraternidade, como concepção de vida real, a ser incorporada pelos indivíduos e grupos à medida que suas necessidades espirituais forem tomando aspectos de ascensão e conhecimento.

A Doutrina Espírita é um método real de educação. A sobrevivência após a morte, a preexistência e a evolução das almas, ainda são quase que totalmente desconhecidas pelos povos com ares de hegemonia.

Porém, ao tempo certo tomarão consciência, conforme afirma o Apóstolo Paulo, escrevendo às igrejas da Galácia:... “porque a seu tempo tudo ceifaremos”.

Do Livro: RENOVANDO ATITUDES
Psicografado Por: FRANCISCO DO ESPÍRITO SANTO NETO
Pelo Espírito: HAMMED
Editora: BOA NOVA
Site: www.boanova.net
Formatado por:
humberto@hpqualtech.com.br 03/06/2010

Colaboração:
Regina Bachega
São Paulo-SP

Publicado em: SinapsesLinks
http://sinapseslinks.blogspot.com/

Justiça na Espiritualidade

Como atua o mecanismo da Justiça no Plano Espiritual?]

ANDRÉ LUIZ: No mundo espiritual, decerto, a autoridade da justiça funciona com maior segurança, embora saibamos que o mecanismo da regeneração vige, antes de tudo, na consciência do próprio indivíduo.Ainda assim, existem aqui, como é natural, santuários e tribunais, em que magistrados dignos e imparciais examinam as responsabilidades humanas, sopesando-lhes os méritos e deméritos.A organização do júri, em numerosos casos, é aqui observada, necessariamente, porém, constituída de Espíritos integrados no conhecimentos do Direito, com dilatadas noções de culpa e resgate, erro e corrigenda, psicologia humana e ciências sociais, a fim de que as sentenças ou as informações proferidas se atenham à precisa harmonia, perante a Divina Providência, consubstanciada no amor que ilumina e na sabedoria que sustenta.Há delinqüentes tanto no plano terrestre quanto no plano espiritual, e, em razão disso, não apenas os homens recentemente desencarnados são entregues a julgamento específico, sempre que necessário, mas também as entidades desencarnadas que, no cumprimento de determinadas tarefas, se deixam, muitas vezes, arrastar a paixões e caprichos inconfessáveis.É importante anotar, contudo, que quanto mais baixo é o grau evolutivo dos culpados, mais sumário é o julgamento pelas autoridades cabíveis e, quanto mais avançados os valores culturais e morais do indivíduo, mais complexo é o exame dos processos de criminalidade em que se emaranham, não só pela influência com que atuam nos destinos alheios, como também porque o Espírito, quando ajustado à consciência dos próprios erros, ansioso de reabilitar-se perante a vida e diante daqueles que mais ama, suplica por si mesmo a sentença punitiva que reconhece indispensável à própria restauração.

André Luiz

Justiça Humana e Justiça Divina

O capítulo II da Constituição Brasileira, que trata “dos direitos e das garantias individuais”, em seu art. 141, § 30 e 31, consagra dois princípios altamente humanitários, que vale a pena analisar e comparar com dois dogmas fundamentais das igrejas ditas cristãs.

Reza o citado § 30: “Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente.”

Isto quer dizer que no Brasil, como de resto em todos os países civilizados do mundo, qualquer pena (punição que o Estado impõe ao delinquente ou contraventor, por motivo de cri­me ou contravenção que tenha cometido, com a finalidade de exemplá-lo e evitar a prática de novas infrações) só poderá recair sobre o culpado, não podendo, em hipótese alguma, alcançar outra(s) pessoa(s).

Exemplifiquemos: se um indivíduo cometer um crime, pelo qual seja sentenciado a uns tantos anos de prisão celular, mas venha a escapulir, sem que as autoridades policiais consigam apanhá-lo, ou faleça antes de haver cumprido toda a pena, não pode o Estado trancafiar um seu parente (filho, neto, etc.) para que cumpra ou resgate o final do castigo imposto a ele, criminoso.

Aliás, se o fizesse, passaria a si mesmo um atestado de despotismo e provocaria os mais veementes protestos, pois repugna às consciências esclarecidas admitir que “o inocente pague pelo pecador”.

Essa noção de intransferibilidade de méritos e deméritos, já a tinham os profetas do Velho Testamento. O cap. 18 de Ezequiel, v. g., versa exclusivamente esse ponto. Ali se diz que se um homem for bom e obrar conforme a equidade e a justiça, mas venha a ter algum filho ladrão, que derrame sangue ou cometa outras faltas abomináveis, este terá que arcar com as conse­quências de seus delitos, de nada lhe valendo as boas qualidades paternas.

Da mesma sorte, se um homem não guardar os preceitos divinos, se for um grande pecador, mas o filho “não fizer coisas semelhantes às que ele obrou”, não responderá pelos desacertos do pai. E conclui (v. 20):

“A alma que pecar, essa morrerá: o filho não carregará com a iniquidade do pai, e o pai não carregará com a iniquidade do filho; a justiça do justo será sobre ele, e a impiedade do ímpio será sobre ele.”

Claríssimo, pois não?

No entanto, tomando por base uma alegoria do Gênesis (cap. 3), cuja interpretação foge ao objetivo deste trabalho, — a Teologia engendrou e vem sustentando, através dos séculos, o dogma do “pecado original”, segundo o qual to­dos os homens, gerações pós gerações, inclusive aqueles que virão a nascer daqui a séculos ou milênios, são atingidos inexoravelmente por uma falta que não é sua!

Ora, mesmo que a referida alegoria bíblica (tentação de Eva e queda do homem) fosse um fato histórico, real, que culpa teríamos nós outros, da desobediência praticada por “nossos primeiros pais” num passado cuja ancianidade remonta à noite dos tempos?

Se a responsabilidade pessoal é princípio aceito universalmente; se nenhum Código Penal do mundo admite que se puna alguém por um crime praticado por seus ancestrais; como poderia Deus castigar-nos por algo de que não fomos participantes, ou melhor, que teria ocorri­do quando nem sequer existíamos?

Não é possível!

Se Deus nos criasse, mesmo, com esse estigma, expondo-nos, consequentemente, às mui­tas misérias da alma e do corpo, por causa do erro de outrem, então a Justiça Divina seria menos perfeita que a justiça humana, posto que esta, como vimos, não permite tal aberração.

Como é óbvio, o Criador hão pode deixar de ser soberanamente justo e bom, pois sem esses atributos não seria Deus. E como o dogma do “pecado original” não se coaduna com a Bondade e a Justiça Divinas, não há como fugir à conclusão, de que é falso e insustentável, sendo cada um responsável apenas pelos seus próprios atos, e não pelos deslizes de seus avoengos, ainda que eles se chamem Adão e Eva...

Autor: Rodolfo Calligares